Desde 1997, o tempo de tela de crianças menores que 2 anos mais que dobrou. É o que aponta o estudo publicado no último dia 18, pela revista científica JAMA Pediatrics. A pesquisa usou dados previamente coletados pela Universidade de Michigan, até o ano de 2014, e constatou que a TV ainda é o principal dispositivo de consumo de conteúdo via telas, apesar das mudanças no cenário.
Para crianças de até 2 anos, o tempo de tela subiu de 1,32 horas em 1997 para 3,05 horas em 2014, com a televisão contabilizando mais de 2,5 horas do total. Entre as idades de 3 e 5, a média foi de 2,47 horas em 1997 e não sofreu grandes mudanças em relação a 2014. Segundo Weiwei Chen, do Departamento de Políticas e Administração da Saúde da Universidade Internacional da Flórida e principal autora do artigo, como economista da saúde e mãe, ela queria compreender quanto tempo as crianças estavam passando em frente a telas.
“Estou curiosa como mãe, assim como pesquisadora, para entender quanto tempo nossas crianças passam nos smartphones, iPads, TV e todos os tipos de tela hoje em dia”, afirmou à CNN. Para a Dra. Wendy Sue Swanson, pediatra e chefe de inovação digital no Hospital da Criança de Seattle, ela não está surpresa com o aumento do tempo passado em frente à TV devido às demandas da vida familiar moderna.
Cérebro em desenvolvimento
O tempo de tela em excesso pode causar retardos cognitivos, linguísticos, sociais ou emocionais, provavelmente porque impede que a criança tenha mais tempo de interação com os pais. Alguns estudos indicam, também, que existe conexão entre o tempo de tela e o risco de obesidade e distúrbios do sono.
Por isso, em 2016, a Academia Americana de Pediatria recomendou que crianças não tenham contato com telas até os 18 meses e assista apenas programação de qualidade e supervisionada até os 2 anos. Entre 2 e 5 anos, a recomendação é que o tempo de tela seja limitado a uma hora por dia.
“Como o cérebro da criança está se desenvolvendo, particularmente nos primeiros 2 a 3 anos de vida, o cérebro está fazendo novas conexões. Está se conectando e reconectando”, explica Swanson. Nessa idade, é importante que a criança possa explorar sua criatividade com brincadeiras e interagir com os pais para um desenvolvimento adequado.